12/04/07

monte de metes nojo....Star esta é para ti pq este gajo é que a sabe toda

É muito mais facil aceitar o que se conhece, aquilo a que já se está habituado do que agir pelo coração....cambada de cobardes é o que é.

Hoje concordo plenamente com o Miguel Esteves Cardoso que passo a citar, ele tem toda a razão.


Parece que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Teixeira de Pascoaes meteu-se num navio para ir atrás de uma rapariga inglesa com quem nunca tinha falado. Estava apaixonado e foi para Liverpool. Quando finalmente conseguiu falar com ela, arrependeu-se.

Quem é que hoje é capaz de se apaixonar assim?

Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática.

Porque dá jeito.

Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado.

Por que se dão bem e não se chateiam muito.

Porque faz sentido.

Porque é mais barato, por causa da casa.

Por causa da cama.

Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornam-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.

O amor transformou-se numa variante o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".(...) Odeio os novos casalinhos.
Por onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, abraços, flores.
O amor fechou a Loja. Foi trespassado ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra.
A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino.
O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não é para se perceber.
O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita não faz mal.
Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa a vida é outra.
A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.
A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre.
Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperante.
O coração guarda o que se nos escapa das mãos.
E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa e o amor é outra. A vida dura uma vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso

1 comentário:

Sandra Marques Augusto disse...

"O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende."

E como sou coxa, não consigo correr, logo não consigo apanhar...
Mas, como é a minha alma, não consigo largar nem desatar...
E apesar de sentir, não compreendo.

Ponto. Final.
Será parágrafo?

S.Star