21/10/14

A minha avó!!!


06/03/11 OLD FRIENDS

Sempre que penso na velhice, recordo esta musica de Simon And Garfunkel, Old Friends,

Sinto-me triste,ao constatar que ela está velhinha, não é a mesma e nunca mais voltará a ser.
Ela deu-me a minha primeira boneca,
Ela acordava-me de manhã para ir para a escola,
Ela preparava-me sempre o pequeno almoço 
Na casa dela nunca faltava a sopa,
Não demonstrava amor mas eu sabia tão bem que ela o tinha, não foi ensinada a demonstra-lo, foi habituada a ser "dura" nunca soube o que era o carinho de uma mãe, nem a presença de um pai.
Ela limpava as minhas feridas, com álcool e tintura iodo, doía mas saravam.

Na sua maneira, quase militar, de ser controlava ou tentava controlar todas as situações boas ou más...nunca percebeu que isso por vezes era mau.

 Foi mãe, mulher, sofreu a dor de perder um filho e mais tarde o marido, cumpriu o juramento na alegria e na tristeza na saude e na doença até que a morte nos separe.

A mãe enlouqueceu tinha ela 4 anos. Ficou só com os irmãos ao cuidado da avó, que, de tanto trabalho que tinha numa pensão/restaurante que possuía em Coimbra, mal tinha tempo para os ver. 

Foi educada pelos criados e cozinheiras, aprendeu cedo a costurar, cozinhar e a ter que se "desenvencilhar" sozinha.

O pai partiu para África, ela estudou e gostava de o fazer. Era inteligente, no entanto nunca o julgou ser.
Aos 14 anos perdeu a melhor amiga, Por essa altura ela e os irmãos partiram de Portugal, para se juntarem ao Pai em África,


Quando lá chegou, teve saudades, mas rapidamente se ambientou e apaixonou pelo continente, onde conheceu o Amor da sua vida, ele era bonito, galã e elegante e sabia disso, ela apaixonou-se e pagou o preço.


Teve 3 filhos, duas meninas e um menino, "cresceu" tornou-se mãe e que mãe, tornou-se esposa e dona de casa, ajudava-os na escola e isso espalhou-se. Rapidamente começou a ter explicandos, a quem ensinava desde o Português à Matemática, ciência de que tanto gosta, ainda nos dias de hoje.
Perdeu, na maior dor da sua vida, o seu único filho varão, envelheceram-se-lhe os cabelos e a alma, nunca mais dormiu da mesma forma, nunca mais acordou sem dar um ai. 
nunca mais voltou a sentir a vida como antes.


Nunca se queixava, nunca estava doente, colocava sempre os outros acima dela, nunca tinha dores. 
Gostava de cantar, mas calaram-lhe o canto, 
teria sido mais feliz com o Judeu? 
talvez. Mas ele não era tão bonito como o Leonardo.


Voltou para Portugal meses antes do 25 de Abril, ele era considerado comunista, homem letrado, professor da escola técnica, nunca se calou relativamente ao que pensava e sentia, começaram a persegui-lo e já tinham assassinado pessoas, voltaram, trazendo o primeiro neto varão.


Ela deixou tudo naquela terra que aprendeu a amar e a apreciar. 
Não voltaria a colocar flores na campa do filho, não voltaria a ver o por do sol em Inhambane nem a fazer a travessia entre lourenço Marques e xai xai.
 deixou a terra amada e voltou á terra mãe, aqui se tornou a ambientar, reaprendeu a viver na metrópole como chamavam em |África.


Ele começou a mudar a ficar estranho, adoeceu na noite de Natal, aqui estava a vida a pregar-lhe outra partida, quando parecia que tudo acalmara, quando parecia que podiam ter uma velhice feliz e pacifica, ele teve um AVC, ficou totalmente paralisado, ela foi visita-lo diariamente ao hospital durante 3 meses, depois trouxe-o para casa, nos 8 anos que decorrerram desde desse dia ao dia em que teve outro AVC que o levou, ela nunca deixou de o tratar, como se fosse enfermeira, fazia tudo por ele, quando ele partiu ela sofreu, mas finalmente descansou.


Quando precisei esteve lá, agora precisa ela, e eu quero estar cá,
Está velhinha, umas vezes mais baralhada que outras, mas, ainda se levanta todos os dias, ainda faz toda a lida da casa, ainda faz o almoço e o jantar, já não tem as forças, nem a memória de outrora. 
Secam-lhe as peles e os ossos já lhe pesam no corpo, o cabelo tá todo branco, e as faces já não tem o rubor da juventude são os 85 invernos a reclamar a sua parte,
Minha Avó Minha Avó ; (




Old friends, old friends sat on their parkbench like bookends 
A newspaper blowin' through the grass 
Falls on the round toes of the high shoes of the old friends 

Old friends, winter companions, the old men 
Lost in their overcoats, waiting for the sun 
The sounds of the city sifting through trees 
Settles like dust on the shoulders of the old friends 

Can you imagine us years from today, sharing a parkbench quietly 
How terribly strange to be seventy 

Old friends, memory brushes the same years, silently sharing the same fears

More lyrics: http://www.lyricsfreak.com/s/simon+and+garfunk
Pré-visualizar

Sent from my iPhone

Sem comentários: